Apresentação
Alguns Comentários
Olá!
Apresento meus textos e a mim mesma neste blog.
Eu sou Maria Alice de Aguiar Medeiros. Sou socióloga.
Escrevo... Vamos lá!
Comecei a me interessar pela igualdade social quando eu era menina...A desigualdade entre as pessoas sempre me pareceu clara, óbvia... Não apenas isso... revoltante...
A vivência do ser desigual logo me veio ao ver - e vivenciar - direitos e deveres dos meninos e das meninas... As desigualdades me eram passadas com um enorme "é assim"... Todos vivemos isto, suponho eu. Difícil e triste foi ver um menino tocar a campainha da minha casa e pedir por "pão velho". Me lembro. Estava frio e o garoto estava descalço. Outro tipo de desigualdade.
Aos doze anos eu morava na Urca na casa dos meus avós...
Foram momentos de transformações sociais - e políticas - significativas na minha vida e, na verdade, na vida do meu querido país.
Eu tinha doze anos quando houve o golpe militar que jogou para longe o sonho - que eu já respeitava e acalentava em mim mesma - de um socialismo brasileiro. Igualdade para todos... Igualdade... Eu me orgulhava destas idéias... Me orgulhava de pertencer a uma família de socialistas...
Todos foram presos. Alguns viajaram...
Eu fiquei com meus irmãos, minha mãe e minha avó na Urca...
A Urca foi naquele dia triste - e inesquecível - fechada.
Minha avó entrou em casa vinda da padaria e disse aflita : - "A Urca está fechada por terra. Ninguém entra... Ninguém sai... Só se for por mar..."
Meus irmãos e eu ficamos assustados. Ficamos tão assustados que não falamos nada. nenhuma palavra... Minha mãe, também, não falou nada...
A Urca - minha casa - fechada...
Meus irmãos e eu ficamos quietos.
Ficamos na sala de jantar, no meio da casa.
Era a parte mais protegida. Ficava longe das ruas...
Não demorou muito naquele dia e minha avó voltou a trazer novidades. Ela disse com espanto: "Tem gente fugindo pela água. Tem gente nadando... Estão atirando! E... Tem gente escalando a Pedra da Urca... Estão atirando!"
Fiquei com medo. Todos ficamos. Ninguém falou nada. Mais tarde o telefone tocou. A notícia dada foi a de ficarmos em casa e esperar.
Ninguém saiu à rua.
Silêncio.
Quantos anos se passaram deste então??
Meu pai foi preso três vezes em três forte distintos aqui no Rio de Janeiro. Três momentos diferentes na História. A ditadura brasileira foi muito longa.
Meus irmãos e eu estudamos. Ingressamos em Faculdades. Todos tivemos filhos. Todos viajamos para fora do país. Conhecemos outras cidades, pessoas e idéias... Todos escrevemos livros.... Livros acadêmicos. Área das Ciências Sociais. Todos escrevemos. Só mencionamos as visitas que fazíamos ao nosso pai preso em algum forte carioca entre nós... As prisões permaneceram nas conversas tidas na esfera privada...
Eu gostava da minha vida e especialmente dos meus sonhos de quando eu tinha doze anos. Eu era socialista! E desejava ardentemente a Igualdade entre todos.
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