Relendo Casa Grande & Senzala
Conversando e analisando Gilberto Freyre
Minha conversa com Gilberto Freyre é já bem antiga.
Vou começar este trabalho trazendo à tona trabalhos meus já publicados em jornais... Parece mais interessante publicar o que já foi feito.
Na foto acima Freyre aparece muito bem. Ele é um grande captador de sentimentos ... Sentimentos presentes nas casas grandes brasileiras... Sentimentos presentes no cenário nordestino do Brasil escravocrata.
Conversando com este grande autor, escrevi o texto que anexei abaixo. Sim, este trecho é apenas uma síntese do livro que escrevi devotado inteiramente à análise que fiz sobre Casa grande & Senzala.
Quando completaria 100 anos de idade debates proliferaram por todo o país. Leigos, romancistas, jornalistas e cientistas sociais debateram as idéias de Freyre.
Eu fui uma debatedora...
O ambiente senhorial de Freyre é sugerido na foto acima. Cercado por valores da aristocracia rual brasileira Gilberto Freyre morou em linda residência e mostrando quase sempre uma bela aparência..
Ao escrever meu artigo - extraído de O Elogio da Dominação - "recortei" os parágrafos reproduzidos abaixo. Algumas idéias reproduzidas ainda me espantam. O sadismo do menino de Engenho em contraposição ao masoquismo do escravo... São idéias que legitimam, tentam explicar através da concepção de "dons" inatos, e escondem a natureza verdadeira das relações humanas tão desiguais e injustas.
É interessante ver que na "fala" popular vigora este recurso de explicação dos fatos sociais.. Através de categorias psicológicas - ou psicologizantes - as pessoas tentam explicar atitudes, ou formas de comportamento de povos... Recorre-se muito frequentemente a termos como o "jogo de cintura" do brasileiro, a "pão durice" do mineiro ou algo que o valha... A psicologia dos atores é "facilmente" compreendida pelos indivíduos... A fala do cientista social não parece ser levada muito à sério...
Trechos Selecionados de Casa Grande & Senzala
Estudando a produção de Gilberto Freyre busquei sintetizar meu pensamento no artigo que apresento a seguir.
Uma Análise Claramente Problemática
A História do Brasil é entendida no trabalho de Gilberto Freyre como uma resultante da união das diversas heranças culturais e, nelas, determinadas tendências ou predisposições psicológicas advindas de capacitações biológicas específicas aos grupos étnicos que formaram a sociedade brasileira. A organização da economia nacional, as relações de podere, a forma de organização da sociedade são entendidas enquanto produto dessas predisposições culturais - nelas incluídas as predisposições psicológicas e biológicas - das etnias constituidoras da nossa sociedade. Diante destas concepções teóricas - e metodológicas - básicas, Freyre refere-se ao realismo típico do português, ao espírito selvagem e rebelde do índio, à doçura do africano, etc., como elementos influentes na constituição dinâmica da sociedade brasileira.
A compreensão da História do Brasil resulta da utilização destes recursos analíticos reconstruídos dos universos culturais, que abrangem predisposições psicológicas e biológicas - também estas reconstruídas pelo autor - como características das etnias que aqui se uniram.
Freyre entende o domínio exercido pelas casas-grandes sobre as senzalas, o exercido pelos homens sobre as mulheres e mesmo a relação de poder mais ampla, concernente à esfera política da sociedade, a partir desta postura teórica-metodológica. Os senhores patriarcais , explica o autor de Casa Grande & Senzala, frente à sua constituição psico-cultural, produto da união das diferentes etnias mescladas na Península Ibérica nos séculos anteriores ao descobrimento do Brasil, eram dominados por forte sentimento de sadismo, enquanto que das senzalas emergia um nítido masoquismo. E o sádico menino de engenho ao tornar-se adulto transformava-se num perfeito líder; desenvolvendo um autêntico gosto pelo mando, pela arte de chefiar imprescindível num verdadeiro político. A estrutura de poder e o quadro de domínio da sociedade brasileira são entendidos por Freyre como uma decorrência do espírito colonial das casas-grandes que constituíra-se a partir de estados de alma, de sentimentos predispostos pelas etnias formadoras.
O Senhores de Engenho, por terem o gosto pelo mando, e por sua melhor qualificação e aptidões, assumiram os cargos de chefia da sociedade. Os escravos e todos aqueles que não pertenciam ao mundo das casa-grande, frente ao seu masoquismo e despreparo para a vida política, ausência de talentos para as funções de liderança, conformavam-se em acatar e obedecer. Da casa-grande, assim, saíram os líderes, os governantes e, das senzalas, os governados.
A necessidade de um governo autoritário adviria da incapacidade do brasileiro médio em lidar com as instâncias do poder. Freyre defende os governos de elite baseando-se em pressupostos culturais por ele reconstruídos a partir da natureza das etnias presentes na composição do povo brasileiro. Complexas problemáticas de força, de relações de poder, são reduzidas a fenômenos culturais provenientes de predisposições psicológicas advindas da natureza mesma das diversas etnias dos atores envolvidos.
Claro está que a análise de Gilberto Freyre é problemática. Ao atribuir estilos de comportamento a grupos étnicos específicos está perdendo a possibilidade de percebê-los enquanto sujeitos históricos e sociais. Com este procedimento analítico, Gilberto Freyre não atinge a realidade dos fatos , mas estereótipos deles.
O mundo senhorial das casas-grandes do brasil escravocrata é, para Freyre, o mundo brasiuleiro por excelência. O patriarca é retratado como senhor todo-poderoso, autoritário, porém justo. Detinha as rédeas do poder, mas fazia-o com parcimônia e equilíbrio. Era um dirigente benévolo e adequado à liderança. E este aristocrata rural, que durante anos dominou os quadros de poder gerados nos latifúndios, é visto como um autêntico democrata nacional.
Maria Alice A Medeiros
Claro está que a análise de Gilberto Freyre é problemática. Ao atribuir estilos de comportamento a grupos étnicos específicos está perdendo a possibilidade de percebê-los enquanto sujeitos históricos e sociais. Com este procedimento analítico, Gilberto Freyre não atinge a realidade dos fatos , mas estereótipos deles.
O mundo senhorial das casas-grandes do brasil escravocrata é, para Freyre, o mundo brasiuleiro por excelência. O patriarca é retratado como senhor todo-poderoso, autoritário, porém justo. Detinha as rédeas do poder, mas fazia-o com parcimônia e equilíbrio. Era um dirigente benévolo e adequado à liderança. E este aristocrata rural, que durante anos dominou os quadros de poder gerados nos latifúndios, é visto como um autêntico democrata nacional.
Maria Alice A Medeiros
Muito, ainda, tenho a falar sobre o pensamento de Gilberto Freyre. Vou , aos poucos, desenvolver meu pensamento.







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